sexta-feira, 8 de março de 2013

Pra Refletir: Qual é a sua realidade?




Quando eu era mais nova, e por consequência mais imatura, adorava viver o mundo fictício de Pollyanna e acreditava que o jogo do contente era a melhor alternativa de sobrevivência que eu tinha para me oferecer. Embalada também pelas irritantes e sorridentes princesas, que mesmo imersas num mundo de crueldade estavam sempre sorrindo e cantando, acreditava que tudo o que acontecia comigo havia de ter um lado bom.

Os anos passaram e de menina sonhadora, passei à menina que deturpava sua própria realidade. Por exemplo, se eu não tinha a tão sonhada calça jeans do momento, vestia qualquer uma que eu tivesse e imaginava que estava usando a outra. Se não podia ter uma escrivaninha, pregava uma tábua aqui, outra a li e voi lá, fantasiava que aquela era a melhor que qualquer garota poderia ter. Imaginava que eu era famosa e todos estavam me olhando, imaginava que eu era mais velha e que o meu quarto era um apartamento, imaginava que eu era bruxa e tinha poderes. E esses momentos não se restringiam a minutos durante um dia, eles se tornavam a minha vida e eu mergulhava nesses outros “submundos”.

Só que o imperdoável tempo passou e o meu antes irrestrito poder de imaginação diminuiu. Criar tantas realidades fictícias já não era mais possível ou viável. E foi justamente nessa época que eu fui atirada no ensino médio. Paixões platônicas, pelos indesejados, novos padrões de beleza, comparações com as outras meninas, decisões sobre o futuro. Não havia mais como se ludibriar. As responsabilidades vinham chegando e eu não podia mais me esconder atrás da mesma menina de antes.

Acredito que esse momento de transição para a vida adulta seja um grande marco na vida das pessoas em relação a maneira como se explora a realidade. Já não há mais como fugir dela, é preciso aprender a lidar com ela e vive-la como ela realmente se apresenta, nua e crua.

Contei um pouco da minha vida porque agradeço imensamente à todas as meninas que eu fui. Talvez se eu não tivesse vivido intensamente cada sonho, cada ilusão e me deparado com as suas consequências, hoje não seria essa pessoa que procura sempre perceber a vida como ela se apresenta. Sem se conformar e sem dramatizar. Não vamos entrar no mérito de que nessa análise, nessa percepção não existe uma verdade absoluta, pois a forma como eu constato a minha realidade pode ser diferente da sua. Porque no fim a constatação que realmente importa é a que é feita por você, que conhece suas crenças, suas virtudes, suas fraquezas, seus valores e suas prioridades. Foi você quem caminhou até aqui, venceu cada obstáculo e conhece cada história das suas cicatrizes. Então, aproprie-se de todo o seu histórico e dê uma olhada para trás como forma de agradecer à você mesmo por ter sido capaz de ter chegado até aqui. As escolhas que hoje você pode considerar erradas foram as que você esteve disposto a fazer naquele determinado momento. E ao invés de se encostar num muro de lamentações, analise como hoje você pode agir diferente.

Convido vocês a refletirem sobre o assunto e se atentarem à realidade que vivem hoje, sem fantasias, sem culpas ou desculpas, tentando ao máximo se despir de julgamentos e preconceitos. A princípio pode parecer uma atitude fácil, mas experimente trocar a lente e ir até além das coisas como elas se apresentam.  Enumere todas as suas qualidades facilitadoras e os seus possíveis empecilhos que te impedem de ir aonde você deseja chegar. Procure ajuda se for necessário, leia, separe um tempo pra você. O importante é não se desesperar e entender que sempre existe um dia após o outro e que sempre é hora pra se autoconhecer no intuito de se tornar alguém mais realizado, mais satisfeito e consequentemente, mais feliz.

Beijo beijo

por Juliana Baron Pinheiro

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